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/Um novo conceito fará a diferença entre os produtos


Em artigo publicado no site do Instituto Akatu, Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU afirma: “A única escolha para crescer nossas economias é aumentar radicalmente o que os economistas chamam de ‘produtividade’ – fazer mais, com menos. Precisamos mudar os padrões, tanto de produção quanto de consumo do nosso sistema econômico atual linear de extração, produção, consumo e desperdício, para uma economia inclusiva, que imite os processos naturais onde não existe o conceito de ‘resíduo’, apenas comida para outro organismo ou processo”.

A reflexão sinaliza para um novo ciclo de vida da humanidade, caracterizado pela necessidade de reaproveitamento, reciclagem e reinvenção criativa. Tudo terá que ser analisado em função da disponibilidade dos recursos naturais, fonte de onde provém os bens de consumo.

Os impactos ambientais causados para a produção desses bens estão diretamente relacionados à forma como estes são idealizados, planejados e desenvolvidos. Quanto maior for a dependência de um produto em relação aos recursos naturais, maior será seu custo monetário, ambiental e social. Contrapondo-se à cultura predominante da Era Industrial, um novo modelo, “amigável ao meio ambiente”, é proposto.

Uso restrito de recursos naturais – Os produtos concebidos segundo critérios ecologicamente menos impactantes estão relacionados a um conceito global, denominado de eco-friendly. A expressão, em inglês, significa amigável ao meio ambiente e é bastante empregada para se referir a produtos e serviços desenvolvidos de forma sustentável. Nesse sentido, tudo é analisado sob a ótica da sustentabilidade, de modo que o produto, no todo e nas partes, desde o design, é desenvolvido com vistas a se exigir o mínimo de recursos naturais para sua produção.

O conceito vai além do “ecologicamente correto” e encerra um postulado humanístico, no qual a inclusão social é parte integrante dos pilares da sustentabilidade. O eco-friendly preconiza a adoção de novos modelos de produção e resume uma tendência, um movimento que avança na medida em que a sociedade adquire consciência ambiental.

Custo baixo x benefício grande – Quando um produto consegue alinhar todos esses requisitos afetos à sustentabilidade, o termo eco-friendly é o que melhor lhe cabe. Este é o caso das mochilas criadas pela designer e estilista Águida Zanol, feitas com material 100% reciclável e desenvolvidas nas unidades produtivas do Instituto Reciclar T3 

O processo começa com a captação de resíduos recicláveis, descartados ou em desuso; passa por separação e higienização e, em seguida, para a fase de criação propriamente dita, de layout. O trabalho reúne famílias de baixa renda, que tiram seu sustento em atividades em que o lixo é a matéria-prima, o cerne do negócio. As etapas de produção estão descritas no vídeo https://www.youtube.com/watch?t=10&v=yEPPvznwvLs.

Valor agregado na cadeia do lixo – O resíduo gerado na produção da mochila resulta em outro produto, as persianas de rolo, feitas em teares. As tecedeiras são mulheres em situação de vulnerabilidade, acolhidas em projeto social desenvolvido pelo Salão do Encontro, instituição filantrópica sediada em Betim, Minas Gerais.

Os produtos com a caracterização eco-friendly têm se expandido com a tomada de consciência ambiental em curso no mundo. Um número grande de empresas está captando essa tendência e transformando o desafio da sustentabilidade em uma oportunidade de negócio, tirando partido de uma relação custo x benefício diferenciada: custo baixo e benefício grande.